O Barão de Coubertin, idealizador dos jogos Olímpicos
modernos, já dizia: “O importante é competir”.
Esta frase, para mim, nunca
passou de uma “Utopia”, principalmente porque todo e qualquer atleta quer
ganhar e este é um desejo legítimo de todo competidor esportivo.
Porém há um preceito subtendido nesta frase do Barão que não
se baseia em Utopia, mas em princípios éticos e no direito lídimo do atleta em
ter como adversários apenas o talento e a natureza atlética de seu competidor.
Toda vez que ouço a frase “O importante é competir”,
automaticamente traduzo para “Melhor perder com honra do que vencer de forma
espúria”.
Acredito que a grande maioria dos atletas do início do século
XX, ainda na grande onda de competições abertas pelo Barão de Coubertin e seu
idealismo, pensava desta maneira. Desejava vencer, mas principalmente portar-se
com honra. Hoje, não sei se atletas honrados sequer estejam próximos da equidade quanto
mais serem maioria.
Nos últimos vinte anos do século XX, o lado F do esporte
tomou força, ganhou corpo e hoje praticamente domina as competições de forma
quase disseminada em todos os esportes. O lado F de feio, facínora, falso,
fétido e falcatrua encheram os noticiários com manchetes de fraudes (mais um F)
esportivas. O uso desonesto do dopping, no atletismo e no ciclismo de forma
quase generalizada, no futebol, tênis, baseball, etc., fraudaram resultados
esportivos e com isso representaram uma “falcatrua” aonde apostadores perderam
dinheiro quando acreditaram que estavam apostando em uma atividade honesta.
Junte-se as maracutaias de dirigentes esportivos, a
interferência por vezes desastrosas, por vezes desonestas de árbitros, tudo
isso lançou sobre o esporte uma mancha que aumenta a cada dia, com tal
velocidade que muito em breve, esta mancha será a cor do tecido esportivo.
Considero abominável qualquer tipo de desonestidade esportiva
porque mexe com o efeito mais nobre do esporte, a paixão do torcedor.
Lembro-me como se fosse hoje um dos dias mais tristes que o
esporte me proporcionou. No futebol torço pelo Bahia, mas sempre nutri
simpatias por times especiais como o Flamengo “de Zico”, o São Paulo “de Telê
Santana” e o Santos “de Diego e Robinho”. Na decisão do brasileiro de 1980,
sentei-me frente a televisão na “torcida” pela vitória do Flamengo, uma vez que
o empate daria o título ao Atlético “de Reinaldo” por ter vencido o primeiro
jogo. Eu vibrava com o gol do Flamengo e lá vinha o Reinaldo, mesmo contundido
e empatava o jogo. Isto até o 2x2, quando o árbitro aragão (é minúsculo mesmo)
expulsou o Reinaldo por reclamar da marcação de um impedimento por aragão que,
de fato, não aconteceu. Nunes colocou os números finais de 3x2. O Atlético teve
mais dois jogadores expulsos, terminou o jogo com 8 jogadores sem capacidade de
reagir. Vitória do Flamengo que absolutamente não comemorei porque sabia que
daquele jogo apenas uma afirmação eu poderia fazer: O Atlético perdeu com
Honra. Se você leu o 3º parágrafo, entendeu.
Para mim, qualquer artifício, fora do talento e capacidade
esportiva, que propicie uma vitória no esporte, me enoja.
Na fórmula-1, nojo esportivo é o que sinto há alguns anos,
desde que a Ferrari mandou o Barrichello freiar para garantir uma vitória para
o Schumacher. Nojo da Ferrari, nojo do Schumacher, nojo dos dirigentes da F-1
que permitiram isso, nojo do Barrichello que aceitou as ordens. Depois senti nojo pelo bullying submetido pela
Renault e Flávio Briatore a Nelsinho, seguido da aposentadoria induzida do Kimi
Raikkonen pela Ferrari para que Alonso ocupasse a vaga após patrocínio fornecido pelo banco espanhol.
Enfim, o Lado F nunca esteve tão forte em qualquer esporte
como está no F de Fórmula-1, F de Ferrari, F de Flávio Briatore e F de Fernando
Alonso.
Para piorar tudo, os dirigentes da F-1 demonstram neste fim
de semana uma sensibilidade paquidérmica em simplesmente ESTAR em Bahrein, no
meio a conflito armado, em total desrespeito a população sofrida do local.
Já não bastava o nojo pela F-1 SER o que ela vem sendo, agora
tenho nojo por onde a F-1 ESTÁ.
Completei o verbo To be da fórmula-1 sentindo nojo. O próximo passo é que esta sensação passe a ser irreversível, em
um esporte no qual aprendi a admirar nomes como Fangio, Clark, Piquet e
Fittipaldi, simplesmente desejar que este esporte deixe de EXISTIR.
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