O sucesso de duas “sem-vergonhas”, uma na ficção e outra na vida real leva a um momento de reflexão. Estou falando do personagem Suelen, que deve muito do seu sucesso ao indiscutível sex-appeal da atriz que a interpreta e da não menos personagem Sereia da Selva, a Renatinha.
O “sem-vergonha” pode parecer ofensivo, mas não é. Elas simplesmente não têm vergonha de serem felizes, não têm vergonha de serem atraentes, não têm vergonha de serem sedutoras, não têm vergonha de inverterem os papéis de caça e tornarem-se caçadoras. Simplificando, não têm vergonha de existirem.
Depois de trocentos mil anos em que o homem desempenhou o papel de conquistador, ver-se no papel de conquista para muitos é um baque, um susto irrecuperável. Acho uma grande bobagem, tudo fruto de uma inexperiência em lidar com a arte do jogo que é a relação homem-mulher.
Ainda bem jovem, após uma grande desilusão amorosa, uma sábia amiga, filósofa, me disse algo mais ou menos assim: “Querido amigo, o amor é como um jogo. Vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando. Nem sempre perdendo. Mas, aprendendo a jogar”. Pois é, eu esperando uma frase de Nietzsche, Kant ou Ortega Y Gasset e ela me veio com uma letra de MPB.
Por incrível que pareça, esta frase da letra foi-me muito útil. Resolvi aprender a jogar. Pouco tempo depois eu estava no Rio de Janeiro, fazendo uma pós-graduação, vivendo em Copacabana, em pleno fervor dos anos 90.
Se você quer ser um jogador de primeira linha, tem que jogar contra os melhores adversários. E que melhor adversários no jogo da sedução que aquelas que eram consideradas as mestres na arte de seduzir? Na década de noventa não eram chamadas de “periguetes”. O nome pelo qual eram chamadas também começava com “p” mas era de uma espécie animal encontrada nos rios Amazonas e São Francisco. Encontrei uma fartura da espécie humana deste peixe em um rio, o Rio de Janeiro. Estes anos que passei no Rio, os melhores anos de minha vida, os passei procurando viver e aprender. ♫ ♪ Vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando. Nem sempre perdendo. Mas, aprendendo a jogar ♫ ♪.
Por este tempo que passei no Rio, é que consigo sentir-me atraído por “periguetes” “Caçadoras” “Casanovas de saias” ou qualquer nome que seja dado a elas, sem sentir um pingo de medo, muito pelo contrário. Periguetes não são um perigo para mim, principalmente porque sei que perder faz parte do jogo, o importante é não ter medo de jogar, e seguir aprendendo.
Por mais “insano” que possa parecer, o importante é saber que “Suelens” têm as suas cartas e jogam com elas, mas temos as nossas e se jogarmos direito podemos vencer este jogo e domar as indomáveis, sem jamais tentar prendê-las porque passarinhas (também começa com p) foram feitas para voar.
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