Muitos
anos atrás na Ilha de Itaparica, quando ainda estudante de Medicina, sentou-se
ao meu lado na praia de Barra Grande uma garota muito bonita. Me lembro de ter
pensado isto, mas não consigo lembrar-me de seu rosto. Lembro-me apenas dos
olhos, de cor igual ao céu de Itaparica, o que basicamente foi o fato que
determinou que eu não conseguisse desviar dela a minha atenção; e dos cabelos
castanhos claros cuja tonalidade passou a ser a minha favorita.
Hoje,
flutuo entre a timidez e a extroversão, para algumas coisas sou tímido, para outras
bastante extrovertido, mas já houve tempo em que a timidez era predominante.
Principalmente no fim da adolescência e início da fase adulta. (Meus parentes e
amigos sempre dizem que eu já era adulto aos 13 anos, mas prefiro pensar que
não). Mesmo nesta fase de timidez acentuada, algumas vezes, para meu próprio
espanto, munia-me de extroversão e humor e conseguia ultrapassar as barreiras
impostas pela timidez.
Passamos
conversando por cerca de três horas, entre duas e cinco da tarde. Lembro-me de
praticamente toda a conversa. E lembro-me de seus olhos e da cor de seu cabelo.
Não me lembro do nome, nem poderia já que não perguntei.
Desta
garota tive apenas uma conversa que considero interessante, pode até não ter
sido. Mas toda a vez que o céu de Salvador fica mais escuro, ou vejo, em
qualquer canto do mundo, um céu com a tonalidade de Itaparica penso nela e uma
sensação de enorme carinho me invade.
Existem
mulheres com quem tive intimidade, em relações que duraram dias ou semanas, que
se passarem diante de mim não as reconhecerei. Em contraste, tenho certeza de
que no dia em que voltar a ver os olhos na senhora que esta garota se
transformou, mesmo que ela esteja completamente diferente, de cabelos pintados,
mesmo que tenha engordado, com o rosto enrugado, me lembrarei de imediato dela
e por observação, mesmo que ela tenha mudado bastante o rosto com a idade,
lembrarei do rosto dela, o que tento agora e não consigo.
Por
que estou escrevendo isto? Porque neste momento o céu de onde estou assumiu um
tom mais escuro e uma enorme onda de carinho me envolveu e como sempre me
lembrei dela, não de seu rosto, mas de seus olhos, de seus cabelos castanhos
claros e da conversa que tivemos.
Tito na nossa trajetória da vida muitas coisas acontece as vezes por longa datas ou por pouco tempos que nos marca pra sempre e não damos valor!! A gente aprende a dar valor na vida, quando as pequenas coisas que acontecem tornam-se lembranças boas para marcar não apenas um dia, mas para sempre.bjus.
ResponderExcluir