segunda-feira, 30 de abril de 2012

Poema: Uma Noite em Dezembro


Numa noite quente de Dezembro,
Meu ódio acumulado extravasou.
A noite tornou-se fria, como me lembro,
De todos os instantes em que minha vida se estragou.
O sentido perdeu o sentido.
Uma mão fria não se estendeu a tempo.
Meu ser rolou o mundo inteiro, perdido.
Numa noite quente de Dezembro.
Pergunto: Por quê?
Em gritos me desespero.
Traição. A sordidez do mundo violenta-me os sentidos.
Meus olhos veem a violência televisada.
Meus ouvidos escutam os berros de angústia.
Meu tato sente o gelo dos corpos em gavetas de necrotério.
Meu nariz sente o cheiro de enxofre.
Minha gustação perdeu-se na anorexia.
Pergunto: Quando tudo isto terá fim?
Quando a radiação assolar nosso planeta?
Quando formos todos sobreviventes, mutante?
E então pensarei comigo.
Por que meu ódio explode numa noite de Dezembro?

14.12.1990

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