sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Lado F do Esporte.


O Barão de Coubertin, idealizador dos jogos Olímpicos modernos, já dizia: “O importante é competir”. 

Esta frase, para mim, nunca passou de uma “Utopia”, principalmente porque todo e qualquer atleta quer ganhar e este é um desejo legítimo de todo competidor esportivo.

Porém há um preceito subtendido nesta frase do Barão que não se baseia em Utopia, mas em princípios éticos e no direito lídimo do atleta em ter como adversários apenas o talento e a natureza atlética de seu competidor.

Toda vez que ouço a frase “O importante é competir”, automaticamente traduzo para “Melhor perder com honra do que vencer de forma espúria”.

Acredito que a grande maioria dos atletas do início do século XX, ainda na grande onda de competições abertas pelo Barão de Coubertin e seu idealismo, pensava desta maneira. Desejava vencer, mas principalmente portar-se com honra. Hoje, não sei se atletas honrados  sequer estejam próximos da equidade quanto mais serem maioria.

Nos últimos vinte anos do século XX, o lado F do esporte tomou força, ganhou corpo e hoje praticamente domina as competições de forma quase disseminada em todos os esportes. O lado F de feio, facínora, falso, fétido e falcatrua encheram os noticiários com manchetes de fraudes (mais um F) esportivas. O uso desonesto do dopping, no atletismo e no ciclismo de forma quase generalizada, no futebol, tênis, baseball, etc., fraudaram resultados esportivos e com isso representaram uma “falcatrua” aonde apostadores perderam dinheiro quando acreditaram que estavam apostando em uma atividade honesta.

Junte-se as maracutaias de dirigentes esportivos, a interferência por vezes desastrosas, por vezes desonestas de árbitros, tudo isso lançou sobre o esporte uma mancha que aumenta a cada dia, com tal velocidade que muito em breve, esta mancha será a cor do tecido esportivo.

Considero abominável qualquer tipo de desonestidade esportiva porque mexe com o efeito mais nobre do esporte, a paixão do torcedor.

Lembro-me como se fosse hoje um dos dias mais tristes que o esporte me proporcionou. No futebol torço pelo Bahia, mas sempre nutri simpatias por times especiais como o Flamengo “de Zico”, o São Paulo “de Telê Santana” e o Santos “de Diego e Robinho”. Na decisão do brasileiro de 1980, sentei-me frente a televisão na “torcida” pela vitória do Flamengo, uma vez que o empate daria o título ao Atlético “de Reinaldo” por ter vencido o primeiro jogo. Eu vibrava com o gol do Flamengo e lá vinha o Reinaldo, mesmo contundido e empatava o jogo. Isto até o 2x2, quando o árbitro aragão (é minúsculo mesmo) expulsou o Reinaldo por reclamar da marcação de um impedimento por aragão que, de fato, não aconteceu. Nunes colocou os números finais de 3x2. O Atlético teve mais dois jogadores expulsos, terminou o jogo com 8 jogadores sem capacidade de reagir. Vitória do Flamengo que absolutamente não comemorei porque sabia que daquele jogo apenas uma afirmação eu poderia fazer: O Atlético perdeu com Honra. Se você leu o 3º parágrafo, entendeu.  

Para mim, qualquer artifício, fora do talento e capacidade esportiva, que propicie uma vitória no esporte, me enoja.

Na fórmula-1, nojo esportivo é o que sinto há alguns anos, desde que a Ferrari mandou o Barrichello freiar para garantir uma vitória para o Schumacher. Nojo da Ferrari, nojo do Schumacher, nojo dos dirigentes da F-1 que permitiram isso, nojo do Barrichello que aceitou as ordens.  Depois senti nojo pelo bullying submetido pela Renault e Flávio Briatore a Nelsinho, seguido da aposentadoria induzida do Kimi Raikkonen pela Ferrari para que Alonso ocupasse a vaga após patrocínio fornecido pelo banco espanhol.   

Enfim, o Lado F nunca esteve tão forte em qualquer esporte como está no F de Fórmula-1, F de Ferrari, F de Flávio Briatore e F de Fernando Alonso.

Para piorar tudo, os dirigentes da F-1 demonstram neste fim de semana uma sensibilidade paquidérmica em simplesmente ESTAR em Bahrein, no meio a conflito armado, em total desrespeito a população sofrida do local.

Já não bastava o nojo pela F-1 SER o que ela vem sendo, agora tenho nojo por onde a F-1 ESTÁ. 

Completei o verbo To be da fórmula-1 sentindo nojo. O próximo passo é que esta sensação passe a ser irreversível, em um esporte no qual aprendi a admirar nomes como Fangio, Clark, Piquet e Fittipaldi, simplesmente desejar que este esporte deixe de EXISTIR.

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