sábado, 19 de abril de 2014

O Esporte perde uma referência.

                                               1947-2014

Poucas mortes me foram tão sentidas. A de Luciano do Valle é uma daquelas que abrem o chão e te jogam em um espaço aonde, sem piso, se perde a referência.

Sou um amante dos esportes e como todos os que amam os esportes e chegaram ao meio século de vida sei que se Luciano do Valle não existisse, muitas obras primas desta modalidade de arte teriam permanecido desconhecidas.

Nas manifestações emocionadas de hoje, vistas em todos os canais de televisão, aberta e nos canais esportivos fechados, muito foi falado da capacidade narrativa do locutor Luciano do Valle, mas também do fato dele ter promovido (como promotor de eventos) os esportes olímpicos ao ponto de ser chamado de Luciano do Vôlei, ao transformar um esporte de “brincadeira de colegial” em uma paixão nacional.

Entre as grandes realizações do Luciano do Valle, os domingos do “Show de Esporte” da década de 80, aonde em um canal de TV aberta, a Bandeirantes, ele desbravou a mata da ignorância esportiva e montou um programa semanal com dez horas seguidas de transmissões esportivas.

Incentivou o futebol feminino, resgatou a memória futebolística nacional ao promover a seleção de veteranos. Colocou 120 mil pessoas em um Maracanã em dia de chuva para assistir um jogo, um único jogo de vôlei, enfrentando o boicote da rede globo (jornal e televisão) que simplesmente ignorou a presença da campeã olímpica, URSS, no maior evento esportivo fora do mundo do futebol em um Estádio. Enfim, realizou tantas coisas pelo esporte que ninguém pode ser comparado a ele.


Winston Churchill, ao referir-se a bravura dos combatentes da Royal Air Force, que contiveram os ataques aéreos alemães na Batalha da Inglaterra, disse: “Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos”. Esta frase pode ser modificada para caber em uma descrição da vida de Luciano do Valle: Nunca, no campo dos esportes, tantos deveram tanto a um único homem.

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