sábado, 4 de maio de 2013

Game of Thrones – O dilema entre a imaginação e a imagem.



Aviso de Spoiler.

A série Game of Thrones, da HBO, com o fim da série Fringe (Série mais criativa de todos os tempos), assumiu o posto da liderança em criatividade entre as séries. Porém como toda série ou filme baseada em livros perde-se a imaginação combinada autor-leitor ao dar imagem as cenas e personagens. E é exatamente neste ponto que a série falha apesar de apresentar a maior vantagem possível que é ter o autor dos livros George Martin entre seus roteiristas. Não sei da relevância do autor na escolha do elenco, uma das mais perfeitas. Os atores parecem saídos das páginas dos livros.

Tinha tudo para ser perfeito, então, onde o “calo” da série aperta? É justamente no roteiro da série, se os atores parecem que saíram dos livros, os personagens não, ficaram presos entre as páginas do livro. Como roteirista principal, o grande culpado por isso é o próprio autor do livro George Martin, talvez no desejo de trazer algo novo para a série descaracterizou personagens perfeitos, principalmente os seguintes personagens: Jaime Lannister (bem mais humano no livro) o que o tornou, sem dúvida, o personagem mais interessante do livro juntamente com seu irmão Tyrion; Lady Stark, que perdeu metade de suas contradições e John Snow, que na série parece mais ingênuo que determinado.

Meus personagens favoritos são justamente os irmãos Lannister, que  estão sendo interpretados por atores perfeitos. Tyrion, interpretado por Peter Dinklage, foi “conservado” pelo autor e demonstra na série todas as suas características oriundas do livro: ironia, sarcasmo, inteligência, devassidão e algo pouco notado pelas críticas literárias ou televisivas, seu imenso egocentrismo. Esta condescendência, o autor não teve com o irmão Jaime Lannister. O autor o transformou no grande vilão da série. Neste personagem estão as maiores diferenças entre o livro e a série, em minha opinião, mudou-se para pior. Vejamos algumas diferenças:

1. Na série, a imagem foi clara, Jaime empurrou Bran Stark da janela. No livro Cersei pedia a Jaime para dar um jeito no garoto por flagrá-los em momento íntimo, no entanto, o braço estendido de Jaime não foi para empurrá-lo e sim para pegá-lo, pois o garoto assustado desequilibrou-se. Jaime não conseguiu evitar a queda, mas foi o que ele tentou fazer.

2. Jaime matou um primo na série tentando fugir, mas no livro este primo foi libertado por Lady Stark juntamente com Jaime.  

3. Jaime falou das safiras com a intenção de proteger Brienne, mas no livro teve somada a intenção de ouvir o fanho (estranhamente curado na série) que decepou sua mão falar a palavra safira, o que mostra o quanto irônico era Jaime antes de perder a mão da espada.

4. O grande ato de heroísmo de Jaime em relação à Brienne foi omitida na série. Jaime já tinha sido libertado enquanto Brienne permanecia prisioneira. Jaime voltou para resgatá-la quando a encontra lutando contra um urso. Ele interpõe-se entre o Urso e Brienne, sem saber o que fazer já que perdera a mão da espada.

Estes foram só alguns exemplos das mudanças de um personagem complexo, capaz de quebrar um juramento para salvar a vida do pai e de milhares de inocentes mandados queimar pelo rei louco que ele matou; capaz de manter fidelidade ao seu grande amor, sua irmã gêmea Cersei, lembrando que isto, no livro, era comum entre os nobres da casa do Dragão.  

Se a intenção do autor de “vilanizar” Jaime foi tornar a sua “redenção” maior, ele caiu em um erro de estruturação de personagem, pois mesmo que sendo ficção, sabemos que se pode mudar a imagem de alguém, que ele pode ser “imaginado” de diversas maneiras, mas também sabemos que se pode mudar o comportamento, mas a estrutura da personalidade permanece. Pessoas mudam para melhor ou para pior, mas ninguém deixa de ser um “demônio” para se tornar um “santo”, ou vice-versa.

Resumo da ópera: Por ser roteirista da série, o autor do livro poderia tornar a série igual ou até melhor do que o livro, o que é raro, se é que já aconteceu, mas o fato é de que o livro é MUITO melhor, principalmente porque conta com algo que a imagem e sua informação não permite, a imaginação do leitor.

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