domingo, 5 de maio de 2013

Stirling Moss, as mulheres e o automobilismo.


Simona de Silvestro

Stirling Moss, ex-piloto inglês de Formula-1 entre os anos de 1951 e 1961, deu recentemente mais uma de suas declarações polêmicas. Chamar a atual declaração de polêmica é um gesto de gentileza com este velho senhor. Uma descrição mais verdadeira seria chamá-la de declaração imbecil. A declaração: “Eu acho que elas tem a força mas eu não sei se possuem a atitude mental para correrem duramente, disputarem roda a roda”.

Antes de entrar no mérito da declaração, é necessário um esclarecimento sobre quem é Stirling Moss, uma vez que a memória esportiva brasileira é imediata. Stirling Moss é considerado o “melhor piloto a vencer corridas sem ter conquistado um título mundial”, alcunha dada pelos jornalistas ingleses, lembrando que a Fórmula-1 sempre foi um esporte de equipes inglesas, alemãs e italianas.  Suas dezesseis vitórias em Grandes Prêmios é um feito esportivo importante, porém em termos de títulos conseguiu apenas um tetra-vice seguido.

Se na pista Stirling Moss demonstrou talento, fora dela especializou-se em declarações polêmicas. As piores delas veio na época em que Jackie Stewart, tri-campeão de Fórmula-1, lutava para melhorar as condições de segurança dos autódromos. Moss declarou-se contra a luta de Stewart dizendo que a “graça” da Fórmula-1 estava justamente no alto risco de morte. O talento e equipes “seguras” impediu o Stirling Moss de perder a vida em uma pista de corridas, mas durante os anos em que correu ele viu morrer na Fórmula-1 vinte e seis pilotos, entre eles os talentosos Luigi Fagioli, Alberto Ascari e Wolfgang von Trips. Todas estas mortes, apenas em seu tempo de atividade, não fez diferença para Stirling Moss, voz ativa contra as medidas de segurança pretendidas por Jackie Stewart. A opinião de Moss foi usada pelos “organizadores” e proprietários dos autódromos retardarem o máximo que puderam as medidas solicitadas por Stewart. Por conta dessa sua opinião é que penso no inglês Stirling Moss como o predecessor de outro inglês na alcunha de “idiota veloz”.
 Lella Lombardi

Sobre as mulheres na Fórmula-1, também discordo completamente do Stirling Moss. Se a Simona de Silvestro, piloto (ou seria pilota?) suíça que corre na Indy, tivesse um carro bom na Fórmula-1 faria melhor que muitos pilotos homens que lá estão atualmente.

Sobre este tema, hoje pela manhã o Esporte Espetacular passou uma reportagem, muito mixuruca, aonde se deu destaque a “pioneira” Maria de Filippis, de resultados inexpressivos. E foi pioneira em termos oficiais, pois antes de se tornar a Fórmula-1 em 1950, pilotos mulheres já haviam participado de Grandes Prêmios pela Europa. A reportagem do Esporte Espetacular apenas citou a Lella Lombardi, que conseguiu o feito de pontuar quando apenas os seis primeiros lugares pontuavam na Fórmula-1. Ela é quem deveria ter sido entrevistada, chegar entre os seis primeiros na Fórmula-1 tem uma importância que é apenas superada pela Michele Mouton, primeira e única mulher a vencer uma etapa do Mundial de Rally (WCR). Mouton venceu no total quatro etapas e tornou-se indubitavelmente o maior nome feminino das pistas.

Conclusão: Simona de Silvestro, Lella Lombardi e Michelle Mouton são exemplos perfeitos de que as mulheres disputam roda a roda contra homens, este número poderia ser bem maior não fosse o preconceito típico da primeira metade do século XX ainda permanecer na Fórmula-1 e na mentalidade de dirigentes e ex-pilotos como o Stirling Moss. 
 Michele Mouton

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