Primeiro foram as várias declarações sobre
um estranho ruído vindo do carro da Red-Bull nas retomadas de curvas. Depois as
suspeitas sobre o controle de tração (que acho infundadas). Depois a declaração
de Vettel: “Nunca vão descobrir como fazemos isso.” seguida do deboche após
segundo lugar nos treinos livres de hoje: “Ainda temos espaço é só ligar o
controle de tração”.
Antes de entrar no mérito da questão, uma
informação que ilustra a suspeita sobre o que Vettel disse que jamais
descobriríamos: O carro da Red-Bull tem a melhor retomada de curva.
Para começo de conversa, sem teorias de
conspiração, o segredo do sucesso da Red-Bull do Vettel, eu diria que com 99%
de certeza está na hibridização.
Simplificando, eu diria que há 90% de
chances (é, de fato sou um crédulo por natureza) da hibridização Vettel-RBR
produzirem estes resultados fantásticos. Os outros 10% ficam por conta da
declaração de Vettel, afinal se não vamos descobrir é porque não existe, ou
existe e aparentemente está muito bem encoberto.
Por que os 90% para o híbrido Vettel-RBR? Usam
o termo simbiose para explicar o benefício mútuo de dois organismos diferentes.
Mas no caso do Vettel, ele e o carro parecem organismos diferentes cujos DNAs
se unem formando um DNA único, híbrido. Por isso chamo de hibridização, nos
termos da biologia molecular.
É importante lembrar que Vettel é SIM um
piloto espetacular. Basta lembrar que ele conseguiu a façanha de dar a primeira
vitória ao energético em Monza, mas não pela equipe principal, a Red Bull, mas
pela auxiliar Toro Rosso, uma equipe pequena, preparatória de pilotos.
(Sintomático o fato de a língua inglesa representar a equipe principal e a
latina, no caso espanhol, representar a equipe secundária).
Porém, em automóveis, o termo híbrido é
usado para aqueles que usam mais de uma fonte de energia, nos carros de rua
especificamente são aqueles que têm motores que geram energia por combustão e
motores elétricos. Nos carros de F-1 o termo híbrido poderia ser utilizado
porque também se utiliza duas fontes de energia, a queima dos combustíveis e o
KERS, um sistema que acumula a energia gerada nas frenagens. Pelo regulamento
original, não sei se houve mudanças, o máximo de energia que poderia ser utilizada
a cada volta era de 400 kJ com o uso máximo de 60 kw (que é 60 kJ/s) Ou seja:
Descarregar toda a energia de uma vez levaria 6,7 segundos e representaria um
ganho de potência adicional por volta de 82 cavalos.
O sistema Kers usado pela Renault e RBR (a
quem a Renault fornece os motores) era (não sei se ainda é) o desenvolvido por
Magnetti-Marelli que usava um motor elétrico para gerar a energia mecânica a
partir de uma bateria que seria a responsável pela acumulação dos 400 kJ. Os
motores elétricos fornecem a energia diretamente ao eixo aumentando o seu
torque consideravelmente.
Isto é o que se sabe.
Primeiro quero deixar bem claro que não
estou acusando a Red Bull Racing de estar fazendo isto e sim dizendo o que eu
faria, se tivesse o instinto natural da Fórmula-1, desonesto, para me igualar a
RBR.
Sabendo que a energia gerada pelas
frenagens é bem superior ao acúmulo da bateria de 400 kJ e tendo um motor
elétrico no meu carro eu faria esta energia desperdiçada ser utilizada diretamente
no motor. Ou seja, logo após as frenagens a energia que não fosse acumulada na
bateria seria utilizada diretamente e imediatamente pelo motor elétrico, ou
seja, nas retomadas das curvas, aumentando consideravelmente o torque, o que
faria meu carro espetacularmente veloz nas retomadas, economizando um tempo
considerável na volta e facilitando as ultrapassagens por estar mais perto dos
concorrentes logo no início das retas e com uma aceleração maior devido ao
torque extra.
Não sei se a telemetria dos motores
elétricos é verificada na F-1, é bem provável que sim, mas qualquer gênio da
informática poderia resolver isto para mim separando as informações sobre o uso
a partir da bateria e ocultando o imediato.
As únicas coisas que não poderiam ser mudadas
é o som característico do motor elétrico, que faria meu carro ter um estranho
som nas retomadas de curvas e uma eficiência tão grande nas aproximações que
seria capaz de lançar suspeitas de algo errado no controle de tração.
Isto é o que eu faria, se fosse desonesto e
estivesse no comando de uma equipe de Fórmula-1. Ainda bem, para a credibilidade
de um esporte já no vermelho após os últimos escândalos que envolviam o “não
sabia de nada” Fernando Alonso, que não estou no comando de uma equipe de
Fórmula-1 e não sentir atração por vitórias artificiais porque desonestas.
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