Simona de Silvestro
Stirling Moss, ex-piloto inglês de
Formula-1 entre os anos de 1951 e 1961, deu recentemente mais uma de suas declarações
polêmicas. Chamar a atual declaração de polêmica é um gesto de gentileza com este
velho senhor. Uma descrição mais verdadeira seria chamá-la de declaração imbecil.
A declaração: “Eu acho que elas tem a força mas eu não sei se possuem a atitude
mental para correrem duramente, disputarem roda a roda”.
Antes de entrar no mérito da declaração, é
necessário um esclarecimento sobre quem é Stirling Moss, uma vez que a memória
esportiva brasileira é imediata. Stirling Moss é considerado o “melhor piloto a
vencer corridas sem ter conquistado um título mundial”, alcunha dada pelos
jornalistas ingleses, lembrando que a Fórmula-1 sempre foi um esporte de
equipes inglesas, alemãs e italianas. Suas
dezesseis vitórias em Grandes Prêmios é um feito esportivo importante, porém em
termos de títulos conseguiu apenas um tetra-vice seguido.
Se na pista Stirling Moss demonstrou
talento, fora dela especializou-se em declarações polêmicas. As piores delas
veio na época em que Jackie Stewart, tri-campeão de Fórmula-1, lutava para
melhorar as condições de segurança dos autódromos. Moss declarou-se contra a
luta de Stewart dizendo que a “graça” da Fórmula-1 estava justamente no alto
risco de morte. O talento e equipes “seguras” impediu o Stirling Moss de perder
a vida em uma pista de corridas, mas durante os anos em que correu ele viu
morrer na Fórmula-1 vinte e seis pilotos, entre eles os talentosos Luigi
Fagioli, Alberto Ascari e Wolfgang von Trips. Todas estas mortes, apenas em seu
tempo de atividade, não fez diferença para Stirling Moss, voz ativa contra as
medidas de segurança pretendidas por Jackie Stewart. A opinião de Moss foi
usada pelos “organizadores” e proprietários dos autódromos retardarem o máximo
que puderam as medidas solicitadas por Stewart. Por conta dessa sua opinião é
que penso no inglês Stirling Moss como o predecessor de outro inglês na alcunha
de “idiota veloz”.
Lella Lombardi
Sobre as mulheres na Fórmula-1, também discordo
completamente do Stirling Moss. Se a Simona de Silvestro, piloto (ou seria pilota?)
suíça que corre na Indy, tivesse um carro bom na Fórmula-1 faria melhor que
muitos pilotos homens que lá estão atualmente.
Sobre este tema, hoje pela manhã o Esporte
Espetacular passou uma reportagem, muito mixuruca, aonde se deu destaque a “pioneira”
Maria de Filippis, de resultados inexpressivos. E foi pioneira em termos
oficiais, pois antes de se tornar a Fórmula-1 em 1950, pilotos mulheres já
haviam participado de Grandes Prêmios pela Europa. A reportagem do Esporte
Espetacular apenas citou a Lella Lombardi, que conseguiu o feito de pontuar
quando apenas os seis primeiros lugares pontuavam na Fórmula-1. Ela é quem deveria
ter sido entrevistada, chegar entre os seis primeiros na Fórmula-1 tem uma
importância que é apenas superada pela Michele Mouton, primeira e única mulher
a vencer uma etapa do Mundial de Rally (WCR). Mouton venceu no total quatro
etapas e tornou-se indubitavelmente o maior nome feminino das pistas.
Conclusão: Simona de Silvestro, Lella Lombardi
e Michelle Mouton são exemplos perfeitos de que as mulheres disputam roda a
roda contra homens, este número poderia ser bem maior não fosse o preconceito
típico da primeira metade do século XX ainda permanecer na Fórmula-1 e na
mentalidade de dirigentes e ex-pilotos como o Stirling Moss.
Michele Mouton
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