Torço contra o Phelps. E daí? É proibido torcer contra? Isso
não me impede de reconhecer o seu grande valor como atleta olímpico. Por outro
lado, amo o esporte, e como já disse neste post ao falar sobre os diferentes
pontos de vista, o amor sendo uma força motriz da procura, me fez estudar o
esporte, “microscopicamente”. Por conta disso, o meu “ponto de vista” não se
altera com o oba-oba daqueles que enxergam apenas os números. Meu ponto de
vista progride com o tempo, mas não deixa a visão do presente atrapalhar, na
euforia, o conhecimento do passado.
Por isso, através do meu ponto de vista, não
enxergo o Michael Phelps o melhor atleta de todos os tempos, como vem sendo
afirmado por muitos. E explico, ou melhor, demonstro a razão.
Paavo Nurmi, pelos números frios, sem
significado completo, comparado ao Phelps, tem “apenas” 9 medalhas de ouro e
três de prata. Foi impedido de ganhar mais pois foi ridicularmente considerado “profissional”,
como se tal coisa existisse nos anos 20 e 30, e teve sua inscrição nos jogos de
1932 em Los Angeles rejeitada principalmente pela ação de um cartola canalha da
Suécia, Edstrom, vice-presidente do COI, que enciumado das vitórias finlandesas
acusou o Nurmi de receber “muita ajuda financeira” para custear as passagens da
viagem para os Estados Unidos. O julgamento que impediu a inscrição de Nurmi
nas Olimpíadas de Los Angeles é uma das maiores vergonhas do esporte, senão a
maior.
Mas
vamos ao que tornou Paavo Nurmi no maior atleta da história Olímpica. Os jogos
de Paris em 1924. Onde venceu 5 medalhas de ouro. Semanas antes dos jogos,
Nurmi caiu numa prova e machucou o joelho. Chegou a Paris contundido, sob um
calor intenso. Os cartolas tentam prejudica-lo marcando as finais dos 1.500
metros e dos 5,000 metros no espaço de uma hora entre elas. Elas aconteceram
num espaço menor que duas horas e o Nurmi venceu as duas.
Dois
dias depois, com a temperatura de Paris em 45oC, enquanto metade dos
competidores desistem, muitos indo parar no hospital, Nurmi vence a prova de
cross-country. Horas depois vence a prova por equipes. Ainda venceria os 3.000
metros por equipes, mas logo depois sofria mais uma decepção por conta dos
cartolas olímpicos. Dizendo temer pela saúde do finlandês, impediram-no de
defender o título de campeão olímpico dos 10.000 metros conquistado em 1924.
Revoltado o finlandês, assim que retorna ao seu pais estabelece um recorde para
os 10.000 metros que durou 13 anos.
Pelas
suas cinco medalhas, nas condições de calor insuportável, os jornais franceses disseram
que ele superou os limites da humanidade, limites que jamais foram
igualados.
Por isso, pelo meu ponto de vista, Paavo Nurmi não é apenas o maior atleta olímpico de todos os tempos, mas o maior atleta, em qualquer esporte, que a humanidade já presenciou.
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