Confesso que tenho um pouquinho mais, só um pouquinho mesmo,
de preferência por Ana Ivanovic em relação à Maria Sharapova, mas em relação à
medalha de ouro nas olimpíadas de Londres, minha torcida é 100% da Sharapova.
Explico. O simbolismo desta medalha representaria muito mais
para a Maria Yuryevna Sharapova do que para qualquer outra tenista da
atualidade. Não estou falando do Golden Slam Career, um feito notável, mas de cidadania.
O pai de Maria Sharapova foi aconselhado por Martina
Navratilova, que estava na Rússia para uma clínica de tênis, a levar a Maria
para os Estados Unidos treinar com Nick Bollettieri. Yuri Sharapov seguiu o
conselho, sem falar nada de inglês assim como sua filha de sete anos, com
apenas setecentos dólares no bolso, levou sua filha aos Estados Unidos e
construíram uma das histórias pessoais mais belas do esporte. Tem que se
ressaltar que nesta época, apesar da Rússia já ter alguns representantes
talentosos no tênis masculino, no feminino não havia ninguém. Anna Kournikova só
ficaria famosa poucos anos mais tarde, portanto, ao contrário do que se diz, a
Kournikova não tem importância alguma no aparecimento das russas Dementieva
(Minha Deusa), Myskina, Kuznetsova e Sharapova.
Por ter ido cedo aos Estados Unidos, muitas pessoas acusaram a
Sharapova de ter “americanizado”. Que culpa tem uma garota de sete anos, levada
por um sonho, a conviver com outra cultura de assimilar diversos aspectos da
mesma? Nenhuma. É a vida. Esta para mim sempre foi uma acusação tola. Mas não
bastasse esta acusação ela frequentemente vinha seguida de outra, a de que
Maria Sharapova não tinha nenhum amor pela Rússia. Já esta é uma acusação
infame. Quem duvida que se Sharapova tivesse se naturalizado americana sua vida
teria sido muito mais fácil?
Mas não o fez. Continuou cidadã russa. Poderia ter feito como
Tatiana Golovin, que também treinou com Bollettieri nos Estados Unidos e que
depois se naturalizou francesa. Não estou julgando a francesa Golovin. Tenho
imensa simpatia pelo brasileiro Meligeni. Cidadania é uma questão de coração e
cada qual sabe onde está o seu.
Não tenho a menor dúvida que as acusações de desamor à Rússia
pela Sharapova não são apenas injustas, mas repugnantes. A Sharapova levando a
bandeira já é uma resposta, mas vencendo uma medalha de ouro, computada para a
Rússia é um complemento e tanto. Junte-se a isto o Golden Slam Career, conquista
justa para uma das mais aguerridas tenistas.
Portanto, pela história de vida, pelo retorno após séria contusão,
pela resposta a acusações infundadas e por último, mas não menos importante,
por ter passado os dez últimos anos de minha vida torcendo pelo time feminino
da Rússia na Fed Cup (Culpa da minha Deusa) é que não tenho outra opção de
torcida pela medalha de ouro no tênis feminino que não seja a Maria Yuryevna
Sharapova.
Meu pensamento sempre foi como o seu. Que culpa ela teve de sair da Rússia aos 7 anos para se tornar uma grande tenista? Chances para ser americana não faltaram, inclusive essas chances trariam uma vida melhor mais cedo para ela e o pai.
ResponderExcluirSeria tão justo se muitos seguidores do tênis e, principalmente, alguns jornalistas brasileiros, visem isso da maneira que é. Tão simples...
Maria nunca quis 'deixar' a Rússia e fez história no tênis com a bandeira russa em frente ao seu nome em vários torneios do mundo.
Ela é minha tenista favorita por muitos motivos, mas o principal é a garra e a força de vontade. Fale que ela não é capaz, ela vai e te prova o contrário.
A maior atleta russa da atualidade pra mim, vai entrar em quadra e dar o sangue por essa medalha. Que Deus abençoe!
Titus,
ResponderExcluirVocê é um cara sensato e sabe argumentar. Parabéns!
Post bacana, com uma única foto de Maria, mas perfeita.
Se ela não levar o ouro em 2012 vai ser triste. Mas pelo menos, ela terá ainda uma meta a cumprir, e sabemos que ela não desiste NUNCA! E assim quem sabe, ela venha a conquistar aqui no Brasil.
Mas torço muito pra acontecer em Londres. Seria o local ideal, Wimbledon, onde o mundo assistiu ao nascimento dessa lenda, chamada MARIA SHARAPOVA!
Abraços,
George!
Maria Sharapova é russa. Assim como milhões de pessoas, ela saiu de sua terra natal em busca de melhores oportunidades, e não há nada de errado nisso. Os pais são russos, as raízes dela estão lá e provavelmente eles se comunicam unicamente em russo em casa. O fato de argumentarem que ela é fluente em inglês e que não apresenta sotaque, como se isso fosse algum demérito, só mostra o quão bizarra é essa discussão. De qualquer maneira, independente do resultado amanhã, uma bandeira da Federação Russa, será hasteada na quadra central. Parabéns pelo seu texto, Titus.
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