Revi esta semana o filme “Grand Prix” em Blu-Ray. Além de
poder assistir em tela 16x9 com altíssima qualidade de imagem, tem os extras.
Não vou falar sobre o filme em si, vou dizer apenas o
suficiente: Não é apenas o melhor filme feito sobre a F-1 ou esportes
automotores. É o melhor filme já feito sobre qualquer esporte. Recomendo a quem
não assistiu a ver, se for amante de esporte automotor é imperdível. Aliás, é
imperdível até para quem não gosta de esportes. É dramático e tem estória
extra-esporte que o torna válido até para quem não gosta de esportes.
Não consigo imaginar um filme com tanto realismo. Lembro que
o filme foi feito em 1966 e não havia câmeras digitais nem efeitos especiais.
Foi filmado em Panavision de 70 mm, com o negativo em 65mm e editado
soberbamente, possivelmente o maior e melhor trabalho de edição já visto no
cinema.
Os cortes de imagens, a divisão de telas, imagens múltiplas,
tudo isso com pioneirismo, tornam este filme um belo delírio visual.
O filme já começa com o espetacular trabalho de Saul Bass na
apresentação dos letreiros.
A trilha sonora de Maurice Jarre, para quem tem a minha idade,
tornou-se o sinônimo de velocidade, sem aquela babaquice do tema do Senna.
Ainda hoje ao ver corridas de automóveis é a música que embala a minha imaginação.
No filme vemos Fangio, infelizmente já aposentado, que aparece
nos festejos da vitória em Mônaco. Fangio foi para mim o melhor de todos os
pilotos, passados, presentes ou futuros. Futuros porque ninguém poderá fazer
mais do que os pilotos daquelas baratinhas 100% mecânicas, sem eletrônica
nenhuma para ajudar. Fangio, Clark, Brabham, Moss, Farina, Surtees, Graham
Hill, Ascari e mesmo os da época pré-F1 como Nuvolari são todos verdadeiros
heróis neste esporte. O risco de perder a própria vida, milhares de vezes maior
do que hoje os tornaram uma espécie de gênios loucos deste esporte.
Para os jovens de hoje, que não acompanharam as corridas com
o pensamento voltado para que não houvesse mortes naquele dia vou descrever um
diálogo referenciado nos extras do filme.
O diálogo foi mais ou menos assim, afinal será contado em
terceira mão e um pouco dramatizado por mim, confesso.
O tricampeão Jackie Stewart, nos seus primeiros anos,
encontrou-se com Jim Clark nos boxes e disse para ele: “Tive um problema na
curva tal, errei a curva.”
Jim Clark olhou para ele e perguntou: “O carro ficou muito
estragado?”
Jackie Stewart: “Não. Consegui corrigir a tempo e fazer a
curva.”
Jim Clark: “Impossível. Se você tem tempo de corrigir um erro
você não está no seu limite.”
Ou seja, naquela época para vencer era preciso estar sempre
no seu limite. Não havia espaços para erros porque um único erro significava
uma saída de pista, e naqueles tempos, uma saída de pistas muitas vezes era o
início de um sério acidente.
Jackie Stewart certamente pensou nas palavras de Jim Clark,
mas não fez delas seu lema, era veloz quando preciso, mas “administrava” as
corridas, algo impensado até então. Stewart foi seguido por outros pilotos como
Emerson e Niki Lauda e fez escola.
Porém, este lema de andar no limite foi retomado depois, por
pilotos para quem não torci, mas aprendi a admirar, como Villeneuve, que
compartilhou o destino de grandes pilotos das décadas anteriores de morrerem na
pista e Mansell, que em carros mais seguros viu seus erros se tornarem
acidentes, mas nenhum fatal.
Por admirar o lema de estar sempre no seu limite, com a aposentadoria
de Nelson Piquet, de quem era (sou) fã, como piloto e como indivíduo
politicamente incorreto, passei a torcer por Senna. Muitos me perguntavam como
um Piquetista de carteirinha podia torcer por Senna, minha resposta sempre foi:
“Apenas dois pilotos andam no limite, Senna e Mansell, e tenha dó, não dá para
torcer pelo Mansell”.
Voltando aos extras do filme, os atores foram colocados para
treinar automobilismo. Sobre Yves Montand e Antonio Sabato foi dito algo como: “Eles
podem fingir que sabem pilotar estes carros”. Sobre o inglês Brian Bedford foi
recomendado o uso de dublês. Sobre James Garner, o piloto de F-1 Bob Bondurant
disse duas coisas: No final do treinamento, James Garner era capaz de ultrapassar
alguns pilotos do então grid de F-1, ou seja, tinha talento para estar no grid.
A outra coisa dita, extremamente elogiosa, foi que se James Garner tivesse se
dedicado desde cedo a pilotar automóveis ele seria um sério concorrente para os
campeões.
Um último aviso. A “Overture” não é defeito do Blu-Ray, era
um costume de filmes longos para avisar que o filme estava começando, então
entre no espírito da época e curta a música por 5 minutos, ou então adiante
para o verdadeiro início do filme. Mas só use a tecla de foward neste momento,
o filme é longo, mas vale ser apreciado a cada minuto.
Boa tarde Titus! Eu não vejo corrida hoje e não entendo desse assunto,mas via muito com meu pai.ele era vidrado em F1 não perdia uma! podia ser a hora que fosse muitas vezes até de madrugada gostava de ver com ele,ele gostava do Nelson Pequt,mas era fã mesmo de Senna ele vibrava! adorava ver a alegria dele,me deu saudades dele!fica com Deus amigo bjus.
ResponderExcluir