terça-feira, 7 de agosto de 2012

Patricinhas?




O Thiago Pereira, medalha de prata, fez três declarações fortes, todas honestas, esclarecedoras e mais do que tudo, oportunas. Já tinha passado do tempo de alguém ter a coragem de apontar razões para o fracasso olímpico, neste caso, especificamente da natação feminina.

A primeira das declarações, comparando atletas femininas da natação americanas com as brasileiras: “Falta mais comprometimento, acreditar um pouco mais e abrir mão de muita coisa. É até engraçado. Nos Estados Unidos, as meninas ficam como a gente, não raspam nada e só raspam para melhorar na hora da prova. Elas colocam a competição acima da vaidade. Aqui, elas nadam, nadam...”.

Esta crítica fere, pelo que está dito e pelo que não está. A não raspagem em treinamento funciona, guardadas as devidas proporções, como a mochila de pedra nas costas que o maior atleta olímpico de todos os tempos, Paavo Nurmi, usava na preparação para suas provas. Mas a declaração sobre a vaidade leva-nos a pensar se a preparação física das “meninas” estaria sendo adequada, ou haveria medo de se sentirem masculinizadas por conta de uma musculatura “excessiva”. É um ponto a esclarecer.

A segunda das declarações, seguindo a comparação com o EUA (ou USA dos americanófilos): “Os americanos treinam para ganhar as Olimpíadas, a gente pensa em ir. A distância é grande”. 

Não sei se os Comitês Olímpicos Nacionais tem autonomia para exigir tempos e índices melhores que os determinados pelas federações internacionais, se tiver, que o faça. Isto obrigaria aos atletas brasileiros a treinarem para estarem nas finais e a vencerem, não em apenas ir para a grande festa da vila olímpica.

A terceira declaração aponta um assunto que há muito tempo no Twitter venho insistindo como a razão principal para o fracasso do Brasil como nação esportiva. Thiago disse o seguinte: “Nos Estados Unidos, melhor natação do mundo, os atletas têm a oportunidade de cursar uma universidade, onde não teriam condições financeiras, mas pelo esporte ganham uma bolsa e dali sai uma medalha. No Brasil, muita gente para de treinar por falta de oportunidade. Tem de conciliar com estudo”.

Há muito venho dizendo no Twitter que o esporte brasileiro jamais será alguma coisa até que tenhamos competições universitárias como nos EUA. E que a interação Educação-Esporte tem que ser implantada no Brasil, na forma de bolsas de estudo para atletas. Já que há descontos de impostos para as instituições de ensino superior privadas, que estes descontos só sejam concedidos com a implementação de bolsas-esporte por estas Universidades, o que seria controlado por um comitê educativo composto de atletas e ex-atletas para confirmar a adequação destas universidades. Os proprietários das Universidades privadas, muitas delas, pensam apenas no desconto dos impostos, transformam estas faculdades em fábricas de diplomas e não dão retorno algum a “sociedade” que os poupam destes impostos. Está na hora de reverter isto.

Para concluir, na minha opinião, obviamente sem o peso da opinião do Thiago Rodrigues, para o fracasso olímpico são motivos bem mais importante que a vaidade das meninas: A ausência de mentalidade vencedora em muitos de nossos atletas, com raríssimas exceções tais quais Sarah, Cielo e Zaneti e outros não medalhados que vão para vencer mas não conseguem;  a corrupção de nossos dirigentes esportivos e o mais importante, a passividade do povo brasileiro em não cobrar dos nossos governantes e do judiciário a punição aos corruptos e uma melhor gestão administrativa de nossos governos nas áreas educativas, da saúde, da segurança pública e por fim, na área esportiva.  

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