sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O "Ti-ti-ti" da Fórmula-1.


Primeiro foram as várias declarações sobre um estranho ruído vindo do carro da Red-Bull nas retomadas de curvas. Depois as suspeitas sobre o controle de tração (que acho infundadas). Depois a declaração de Vettel: “Nunca vão descobrir como fazemos isso.” seguida do deboche após segundo lugar nos treinos livres de hoje: “Ainda temos espaço é só ligar o controle de tração”.

Antes de entrar no mérito da questão, uma informação que ilustra a suspeita sobre o que Vettel disse que jamais descobriríamos: O carro da Red-Bull tem a melhor retomada de curva.

Para começo de conversa, sem teorias de conspiração, o segredo do sucesso da Red-Bull do Vettel, eu diria que com 99% de certeza está na hibridização.

Simplificando, eu diria que há 90% de chances (é, de fato sou um crédulo por natureza) da hibridização Vettel-RBR produzirem estes resultados fantásticos. Os outros 10% ficam por conta da declaração de Vettel, afinal se não vamos descobrir é porque não existe, ou existe e aparentemente está muito bem encoberto.  

Por que os 90% para o híbrido Vettel-RBR? Usam o termo simbiose para explicar o benefício mútuo de dois organismos diferentes. Mas no caso do Vettel, ele e o carro parecem organismos diferentes cujos DNAs se unem formando um DNA único, híbrido. Por isso chamo de hibridização, nos termos da biologia molecular.

É importante lembrar que Vettel é SIM um piloto espetacular. Basta lembrar que ele conseguiu a façanha de dar a primeira vitória ao energético em Monza, mas não pela equipe principal, a Red Bull, mas pela auxiliar Toro Rosso, uma equipe pequena, preparatória de pilotos. (Sintomático o fato de a língua inglesa representar a equipe principal e a latina, no caso espanhol, representar a equipe secundária).

Porém, em automóveis, o termo híbrido é usado para aqueles que usam mais de uma fonte de energia, nos carros de rua especificamente são aqueles que têm motores que geram energia por combustão e motores elétricos. Nos carros de F-1 o termo híbrido poderia ser utilizado porque também se utiliza duas fontes de energia, a queima dos combustíveis e o KERS, um sistema que acumula a energia gerada nas frenagens. Pelo regulamento original, não sei se houve mudanças, o máximo de energia que poderia ser utilizada a cada volta era de 400 kJ com o uso máximo de 60 kw (que é 60 kJ/s) Ou seja: Descarregar toda a energia de uma vez levaria 6,7 segundos e representaria um ganho de potência adicional por volta de 82 cavalos.

O sistema Kers usado pela Renault e RBR (a quem a Renault fornece os motores) era (não sei se ainda é) o desenvolvido por Magnetti-Marelli que usava um motor elétrico para gerar a energia mecânica a partir de uma bateria que seria a responsável pela acumulação dos 400 kJ. Os motores elétricos fornecem a energia diretamente ao eixo aumentando o seu torque consideravelmente.

Isto é o que se sabe.

Primeiro quero deixar bem claro que não estou acusando a Red Bull Racing de estar fazendo isto e sim dizendo o que eu faria, se tivesse o instinto natural da Fórmula-1, desonesto, para me igualar a RBR.

Sabendo que a energia gerada pelas frenagens é bem superior ao acúmulo da bateria de 400 kJ e tendo um motor elétrico no meu carro eu faria esta energia desperdiçada ser utilizada diretamente no motor. Ou seja, logo após as frenagens a energia que não fosse acumulada na bateria seria utilizada diretamente e imediatamente pelo motor elétrico, ou seja, nas retomadas das curvas, aumentando consideravelmente o torque, o que faria meu carro espetacularmente veloz nas retomadas, economizando um tempo considerável na volta e facilitando as ultrapassagens por estar mais perto dos concorrentes logo no início das retas e com uma aceleração maior devido ao torque extra.

Não sei se a telemetria dos motores elétricos é verificada na F-1, é bem provável que sim, mas qualquer gênio da informática poderia resolver isto para mim separando as informações sobre o uso a partir da bateria e ocultando o imediato.

As únicas coisas que não poderiam ser mudadas é o som característico do motor elétrico, que faria meu carro ter um estranho som nas retomadas de curvas e uma eficiência tão grande nas aproximações que seria capaz de lançar suspeitas de algo errado no controle de tração.


Isto é o que eu faria, se fosse desonesto e estivesse no comando de uma equipe de Fórmula-1. Ainda bem, para a credibilidade de um esporte já no vermelho após os últimos escândalos que envolviam o “não sabia de nada” Fernando Alonso, que não estou no comando de uma equipe de Fórmula-1 e não sentir atração por vitórias artificiais porque desonestas. 

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