quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Dilema de Kimi.



Nós brasileiros sabemos muito bem o que é ter um “ídolo” (entre aspas porque nenhum dos citados neste parágrafo é ídolo para mim) que ao abrir a boca já se espera que venha alguma bobagem. O maior ídolo dos brasileiros, Pelé, ao abrir a boca já se tem a garantia de que algo no mínimo infeliz vai ser dita. Niki Lauda agora mostra que “ídolos” austríacos também podem se inscrever na categoria de: “Calados são gênios”.

Niki Lauda, um gênio das pistas, recentemente declarou que se Kimi Raikkonen recusar o convite da RedBull será um covarde. Para quem foi injustamente acusado de covardia ao abandonar uma corrida e perder um título mundial por conta disso, usar esta palavra, de forma injusta, para definir alguém é prova de que a vida não ensinou nada a ele quando esta, a vida, lhe bateu covardemente.

Ao contrário do Lauda, a quem reconheço a genialidade mas não o tenho entre meus ídolos, Kimi Raikkonen é um ídolo para mim. Como já disse aqui no blog e repito, ninguém é meu ídolo apenas pelo talento, tem que ter personalidade e um certo padrão ético. Por isso Gérson, Rivelino e Tostão são meus ídolos e Pelé não é; ou Kimi Raikkonen e Piquet são meus ídolos e Ayrton ou Schumacher não; ou Elena Dementieva, Maria Sharapova e Ana Ivanovic são minhas “ídolas”, Serena Willians não.

Lauda perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado, outro tricampeão como Lauda, o Jackie Stewart declarou que se fosse Kimi não iria para a RedBull porque eles já tem afinidade e preferência por Vettel. Eu acrescentaria, que Kimi deveria pensar mais ainda porque ele já viu o que é ser piloto RedBull quando correu pelo mundial de Rally e também já viu o que é correr em uma equipe voltada para outra piloto. A Ferrari tinha clara preferência pelo Massa quando os dois correram juntos, muito certamente porque eles (os mandachuvas da Ferrari) não aceitavam o estilo Kimi de ser.

O que a RedBull quer de Kimi Raikkonen é o retorno midiático que a presença de Kimi oferece. Eles já viram pessoalmente no mundial de Rally e observam agora o sucesso midiático da Lotus em razão da presença de Kimi.

Entretanto, a RedBull não é a Lotus. Um dos aspectos positivos do retorno do Kimi à F-1 foi justamente a adequação da Lotus ao jeito Kimi de ser, a Lotus RESPEITOU o ser humano Kimi e teve um retorno espetacular em termos de desempenho esportivo e desempenho midiático. Por outro lado, a Lotus não é a RedBull e não pode oferecer a Kimi um carro realmente competitivo e com a possibilidade de desenvolvimento com o campeonato em andamento.

Infelizmente, em minha opinião, a McLaren não demonstrou interesse na contratação de Kimi. O campeonato do ano que vem é uma incógnita geral devido ao novo pacote técnico. A McLaren tem feito carroças sucessivas e por ser uma grande equipe com um grande orçamento, pela lei das probabilidades um carro veloz é capaz de sair de Woking para o ano que vem. Os mecânicos da McLaren já foram flagrados aplaudindo uma ultrapassagem feita por Kimi com a Lotus. Ele teria um ambiente melhor na McLaren do que na RedBull e estaria numa equipe com orçamento para ser campeã.
  
Se eu pudesse dizer alguma coisa a Kimi, diria apenas uma frase que cairia muito bem nele como serviu a Nelson Piquet em seus anos áureos. A frase seria: “Melhor do que ser o melhor, é ser o melhor e o mais feliz”.

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