quinta-feira, 3 de maio de 2012

Caminhada


Caminhava sozinho pela estrada
assoviando alegremente.
Jamais pensando em nada
Quando te vi repentinamente.
Sorrias, garota faceira,
mas nada dizias.
De jeito todo brejeira
quando apenas sorrias.
Sorrias com os olhos castanhos
e ainda mais com a boca.
Não me julgaste estranho.
Não te sabia louca.
Então te apresentaste, linda.
A partir disto, não tive saída.
Apaixonado, numa cegueira infinda,
Não te apercebia caída.
Foste-me então, guiando.
Seguindo o teu caminho na estrada.
Tua mão, minha fome alimentando.
Minha mão te deixando saciada.
Teus gestos, hoje sei, fingidos.
Colocaste-me num mágico universo,
Onde um e um unidos
somavam um,  frente e verso.
Teu próximo passo, iludir-me.
Quem dera tivesse percebido.
Fizeste-me de desejo consumido
Sem ter por onde acudir-me.
Teus braços, afrouxando devagar.
Início do abandono há muito planejado.
Tu, já com o objetivo alcançado.
Eu, ainda caminhando a divagar.
Não percebi após tantas noitadas
Que tu já preparavas a retirada.
Enquanto comemoravas a derrocada
Do ingênuo que andava pelas estradas.
As estradas sozinho voltei.
Jamais tornei a assoviar.
Pensando em tristezas fiquei
Sem direito a sonhar.

Escrita em Janeiro de 1993.

Um comentário:

  1. Oi Titus. Não sei se você se lembra de mim, era sua fã quando você comentava no blog de tênis. Agora sou muito mais fã. Não sabia que você era poeta. Lindas as suas poesias. Li todas do blog. Escreva mais. Escreva sobre tênis também para matar as saudades de seus comentários lá no blog do Alexandre. Beijos.
    Xyca.

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