domingo, 13 de maio de 2012

A Fórmula 1 de hoje.




Não vi a corrida que deu a vitória de Maldonado.  Onde estou não tem televisão, fiquei sabendo por um colega que usou a internet em seu horário de descanso. E para quê assistir? Acabou-se a competição na Fórmula 1. Alguém realmente ficou surpreso com a vitória do Maldonado? Eu não.

Sou do tempo em que o campeonato de pilotos era vencido por aquele que tinha talento, velocidade, regularidade, sabia poupar motor e equipamentos mecânicos porque quebravam, a única coisa que não dava problema era o tal do “componente” elétrico, que não existia. Isto é coisa deste tempo em que o carro pode ser dirigido do boxe.

Acho que o último campeonato de pilotos que pode ter esse nome de forma honesta foi o de 1983, vencido por Piquet, sem que a Brabham fosse o melhor carro. O Renault era melhor.  De 1984 para cá venceu o melhor piloto que estivesse dirigindo o melhor carro, ou o piloto favorecido pela equipe, a exceção dos campeonatos de 1986, aonde Prost se aproveitou do fato do Piquet não ser um Barrichello ou Massa da vida que se contentasse em ser o segundo piloto, e do próprio Piquet em 1987 que com o melhor carro derrotou o favorito de sua equipe, o Mansell. De lá para cá a previsibilidade tornou a F-1 enfadonha, até mesmo nas participações vergonhosas de brasileiros em obedecer a ordens de equipe como as “deixe o Schumacher passar ou vamos matar o cachorrinho de sua vozinha” (é o que resta acreditar que foi dito, após as inúmeras e contraditórias declarações do Rubinho) ou “Fernando is faster than you”.

Porém, este ano a Pirelli mudou o jogo. Não sei se de forma proposital a pedido dos dirigentes da F-1 ou por pura incompetência em fabricar um pneu competitivo. O pior é que parece não haver uniformidade nos pneus oferecidos, pois os de mesma categoria, macios ou duros, que “vestem” o mesmo carro do mesmo piloto se comportam de forma diferente. Se fosse uma simples questão dos pneus serem todos regularmente feitos para se degastarem rápido, aqueles pilotos de “tocada” suave estariam sendo beneficiados. E como o piloto de tocada mais suave é reconhecidamente o Button, deveria ser ele a estar liderando o campeonato, mas quem está é o Alonso, conhecido por seu talento, por ser beneficiado em alguns escândalos envolvendo a F-1 e pela imensa sorte que o acompanha. E sorte aqui é a palavra. Ele pode não pegar os pneus menos ruins, mas não pega os piores.

A diferença está mesmo nos pneus. Na irregularidade dos mesmos. Depois de 1984, fora condições climáticas e acidentes, não se vê com a frequência que ocorre este ano, carros que andam bem atrás em uma corrida, melhorarem no espaço de uma corrida chegando até mesmo a liderarem e vencerem a próxima corrida. Assim, este ano, já vimos McLaren, Ferrari, Red Bull, Sauber, Lotus e Willians disputando pódios.  Vimos cinco pilotos vencedores em cinco corridas. A última vez que aconteceu isso? 1983. O último ano de um verdadeiro campeonato de pilotos. Os carros deixaram de ser importantes e os pilotos voltaram a ser? Não. Os pneus agora são os mais importantes.

O campeonato de formula 1 de 2012 definitivamente  se tornou um campeonato de sorte. E como a sorte pode ir para qualquer um, não se vê reclamações veementes contra a Pirelli.

E já que é sorte, para a próxima corrida vou apostar no número 13. Ops! Esqueci-me que não existe esse número na supersticiosa F-1. Vou apostar então no número do último campeão para o qual torci. O número 6 de Piquet em 87. Ops! Está com o Massa, esse não ganha nem se estiver com sorte, a Ferrari o manda deixar o Alonso passar. Como a F-1 virou uma corrida maluca, vou apostar na “baratinha” de número 9 do Peter Perfeito. Beleza. Está com o Kimi, o último dos moicanos, um piloto extemporâneo. O único entre os pilotos da atualidade que seria digno, pelo comportamento, de dividir o espaço com os heróis (estes sim, homens de coragem do tamanho da audácia) dos anos 50 até aos da primeira metade dos anos 80. De lá para cá, a categoria de piloto de F-1 foi dominada por garotos mimados. Quando vejo uma entrevista dos pilotos atuais observo o esforço em vestirem a máscara do “Peter Perfeito”. O único que foge a regra é justamente o Kimi, herdeiro do número. Mais uma ironia nesta F-1 dos dias de hoje.


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