O nome dela, Ayla.
Uma semana atrás, no dia 17 de agosto
de 2015 completou 25 anos.
Alta, magra, esguia e sinuosa, olhos
castanhos, pescoço fino e comprido, absolutamente elegante, fisicamente puxou a
mãe. Mas em espírito puxou a mim, leonina como eu. Os olhos de um brilho raro,
revelam a timidez no relacionamento com as pessoas, e o fervor quando
defende uma ideia. No final deste ano terminará a residência em psiquiatria e
no início do ano que vem irá fazer um doutorado na Sobornne Université em Paris.
Apesar de se parecer comigo em espírito, em algo é totalmente diferente.
Planeja a vida com bastante antecedência enquanto eu deixo a vida me levar, sem
planos a longo prazo. Ayla já sabe que ao terminar o doutorado seguirá uma
carreira no magistério superior, assim como eu e a mãe. Linda, Ayla tem muitos
pretendentes, mas namora pouco e quando o faz, é por pouco tempo. As
expectativas que cria não correspondem à realidade, logo a decepção se forma,
não por quem seus namorados são, mas por quem eles não são. Se ela continuar
com este nível de exigência, jamais encontrará alguém, porque nesta história de
procurar alguém com interesses comuns e à sua altura, por ser uma pessoa de
qualidades raras, Ayla jamais encontrará alguém que esteja à altura dela.
A mãe, muito ligada a ela, queria ir
para Paris com ela. Ayla me pediu para convencer sua mãe do contrário. Logo eu,
que falo com ela apenas o essencial pois ela me odeia e tem motivos para isso.
- Se eu pedir algo, ela fará
justamente o contrário, então esqueça. Fale você mesma, argumente como você
sempre soube fazer. E sinceramente, eu preferiria que ela fosse mesmo com você.
– Falei para Ayla.
Por mais independente que os filhos se
tornem, estaremos sempre preocupados com a segurança deles.
Ela conseguiu convencer a mãe a
continuar em Salvador, trabalhando como professora Universitária que é o que a
mãe dela ama fazer.
Nestes meses que se aproximam já estou
sentindo e sei que vou sentir muita saudade dela, mas muita saudade mesmo,
talvez mais saudade que eu já senti por alguém na vida. Ela, que passou minha
vida inteira separada de mim principalmente porque Ayla é a filha que Deus não
me permitiu ter.
E diante das muitas surpresas da vida,
quem sabe um dia, em breve, talvez, eu a encontre em Sorbonne, ou em qualquer
outro lugar.
Fim.
Ou Início
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Infelizmente, me vejo obrigado a moderar comentários. Favor tenham paciência, que os comentários sem ofensas pessoais serão publicados.