Nós brasileiros sabemos muito bem o que é
ter um “ídolo” (entre aspas porque nenhum dos citados neste parágrafo é ídolo
para mim) que ao abrir a boca já se espera que venha alguma bobagem. O maior
ídolo dos brasileiros, Pelé, ao abrir a boca já se tem a garantia de que algo
no mínimo infeliz vai ser dita. Niki Lauda agora mostra que “ídolos” austríacos
também podem se inscrever na categoria de: “Calados são gênios”.
Niki Lauda, um gênio das pistas,
recentemente declarou que se Kimi Raikkonen recusar o convite da RedBull será
um covarde. Para quem foi injustamente acusado de covardia ao abandonar uma
corrida e perder um título mundial por conta disso, usar esta palavra, de forma
injusta, para definir alguém é prova de que a vida não ensinou nada a ele
quando esta, a vida, lhe bateu covardemente.
Ao contrário do Lauda, a quem reconheço a
genialidade mas não o tenho entre meus ídolos, Kimi Raikkonen é um ídolo para
mim. Como já disse aqui no blog e repito, ninguém é meu ídolo apenas pelo
talento, tem que ter personalidade e um certo padrão ético. Por isso Gérson,
Rivelino e Tostão são meus ídolos e Pelé não é; ou Kimi Raikkonen e Piquet são
meus ídolos e Ayrton ou Schumacher não; ou Elena Dementieva, Maria Sharapova e Ana Ivanovic
são minhas “ídolas”, Serena Willians não.
Lauda perdeu uma excelente oportunidade de
ficar calado, outro tricampeão como Lauda, o Jackie Stewart declarou que se
fosse Kimi não iria para a RedBull porque eles já tem afinidade e preferência
por Vettel. Eu acrescentaria, que Kimi deveria pensar mais ainda porque ele já
viu o que é ser piloto RedBull quando correu pelo mundial de Rally e também já
viu o que é correr em uma equipe voltada para outra piloto. A Ferrari tinha
clara preferência pelo Massa quando os dois correram juntos, muito certamente
porque eles (os mandachuvas da Ferrari) não aceitavam o estilo Kimi de ser.
O que a RedBull quer de Kimi Raikkonen é o
retorno midiático que a presença de Kimi oferece. Eles já viram pessoalmente no
mundial de Rally e observam agora o sucesso midiático da Lotus em razão da
presença de Kimi.
Entretanto, a RedBull não é a Lotus. Um dos
aspectos positivos do retorno do Kimi à F-1 foi justamente a adequação da Lotus
ao jeito Kimi de ser, a Lotus RESPEITOU o ser humano Kimi e teve um retorno
espetacular em termos de desempenho esportivo e desempenho midiático. Por outro
lado, a Lotus não é a RedBull e não pode oferecer a Kimi um carro realmente
competitivo e com a possibilidade de desenvolvimento com o campeonato em
andamento.
Infelizmente, em minha opinião, a McLaren não
demonstrou interesse na contratação de Kimi. O campeonato do ano que vem é uma
incógnita geral devido ao novo pacote técnico. A McLaren tem feito carroças
sucessivas e por ser uma grande equipe com um grande orçamento, pela lei das
probabilidades um carro veloz é capaz de sair de Woking para o ano que vem. Os
mecânicos da McLaren já foram flagrados aplaudindo uma ultrapassagem feita por
Kimi com a Lotus. Ele teria um ambiente melhor na McLaren do que na RedBull e
estaria numa equipe com orçamento para ser campeã.
Se eu pudesse dizer alguma coisa a Kimi,
diria apenas uma frase que cairia muito bem nele como serviu a Nelson Piquet em
seus anos áureos. A frase seria: “Melhor do que ser o melhor, é ser o melhor e o mais feliz”.
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