Já venho escrevendo no
twitter há algum tempo o quanto o consumidor brasileiro é desrespeitado pelas
indústrias automobilísticas, pelas importadoras e pelo governo brasileiro, que
também leva uma grande fatia deste roubo que se chama comprar um carro
importado, ou mesmo nacional.
Somos roubados no preço
dos carros nacionais, apesar de não haver uma indústria nacional de automóvel,
vou chamar de carros nacionais aqueles que são produzidos no país, pelas
fábricas. Modelos semelhantes custam menos nos Estados Unidos e nos países da
Europa e nestes já saem de fábrica muito mais equipados. É só olhar o que é item
de série nestes países e que aqui são opcionais que encarecem ainda mais. A
expressão “ainda mais” é importante, porque no Brasil os modelos são mais caros
mesmo não tendo estes itens que em outros países já saem da fábrica.
Mas o grande abuso dá-se
nos importados. Aproveitando-se da melhor qualidade destes carros fabricados lá
fora, os importadores, junto com o governo, acharam uma fonte riquíssima aonde
podem e metem a mão com uma ganância que só a alta tolerância, que pode e deve
também ser vista como imbecilidade do brasileiro, permite.
Aquele mesmo brasileiro,
que é inteligente o suficiente para sobressair-se em seus negócios e adquirir
bens de consumo luxuosos, é imbecil o suficiente para pagar um preço
promocional baseado na inversão dos valores. Leve um e pague três.
Vou dar exemplos com marcas
diferentes. Vou usar o consumidor americano como exemplo por que nos Estados
Unidos os modelos de carros usados também são importados e comparar os preços
de marcas europeias e asiáticas como exemplo. Vou usar as italianas Ferrari e
Lamborghini, as alemãs Mercedes, Audi e BMW, as inglesas Jaguar e Aston Martin e
a japonesa Lexus, divisão de Luxo da Toyota.
Os preços são os
fornecidos pelos sites da FIPE (Setembro) no caso dos preços no Brasil, a
exceção do Aston Martin que será o preço de tabela. Os preços americanos pelo
site da Yahoo.
A cotação será de 1 US$ (dólar)
= 2 R$ (2 reais).
A diferença será calculada
no valor em reais, em quantidade de carros que poderia comprar nos Estados
Unidos pagando o mesmo valor.
Os modelos serão:
Ferrari FF F1 6.3 V12 660cv
Estados
Unidos: U$ 295.000,00 ou R$ 590.000,00
Brasil: R$ 2.800.000,00
Diferença: 4,8 (Leve 1 e pague 5)
Lamborghini AVENTADOR LP 700-4
Estados
Unidos: U$ 376.000,00 ou R$ 752.000,00
Brasil: R$ 2.850.000,00
Diferença: 3,8 (Leve 1 e
pague 4)
Mercedes S-63 AMG 5.5 V8 BI-TURBO Modelo 2012 (O modelo 2013 está
disponível no mercado americano, mas não consta na FIPE, logo o modelo
comparado será o 2012).
Estados
Unidos: U$ 139.300,00 ou R$ 278.600,00
Brasil: R$ 780.200,00
Diferença: 2,8 (Leve 1 e
pague 3)
Audi A8 6.3
W12 48V 500cv Quattro Tiptronic Modelo 2012 (O modelo 2013 está
disponível no mercado americano, mas não consta na FIPE, logo o modelo
comparado será o 2012).
Estados
Unidos: U$ 133.500,00 ou R$ 267.000,00
Brasil: R$ 742.150,00
Diferença: 2,8 (Leve 1 e
pague 3)
BMW 760iL 6.0
V12 445cv/544cv
Estados
Unidos: U$ 137.300,00 ou R$ 274.600,00
Brasil: R$ 519.375,00
Diferença: 1,9 (Leve 1 e
pague 2) Usei este modelo da BMW pois foi a menor diferença em termos de
quantidade de carros que encontrei e ainda assim aqui no Brasil se paga o
dobro.
Lexus LS-460L
4.6 V8 Modelo 2012 (O modelo 2013 está disponível no mercado americano, mas não
consta na FIPE, logo o modelo comparado será o 2012).
Estados
Unidos: U$ 75.480,00 ou R$ 150.960,00
Brasil: R$ 615.000,00
Diferença: 4,1 (Leve 1 e
pague 4)
Jaguar XJ
Supercharger 5.0 V8 32V 510 Aut. Modelo 2012 (O modelo 2013 está
disponível no mercado americano, mas não consta na FIPE, logo o modelo
comparado será o 2012).
Estados
Unidos: U$ 88.600,00 ou R$ 177.200,00
Brasil: R$ 660.310,00
Diferença: 3,7 (Leve 1 e
pague 4)
Aston Martin Rapide (O
carro dos sonhos)
Estados
Unidos: U$ 207.895,00 ou R$ 415.790,00
Brasil: R$ 960.000,00 (Preço de tabela)
Diferença: 2,3 (Leve 1 e
pague 2)
Esses números são a prova
de como o consumidor brasileiro é desrespeitado pela indústria automobilística
e pelo governo. O consumidor brasileiro só não pode dizer que é trapaceado
porque se faz de otário quando aceita pagar esses valores sem pressionar o
governo e a indústria automobilística a oferecerem preços mais justos ou
simplesmente preços honestos.