Uma imagem.
Não uma simples imagem, mas uma imagem que
representa a perda da humanidade dos habitantes deste planeta.
Enquanto o primeiro-ministro
húngaro, Viktor Orban, afirmava que o problema da crise imigratória era causado
pela Alemanha, destino final de centenas de estrangeiros que tentam ingressar
no continente, dizendo: "O problema não é europeu, é alemão", o anjinho sírio de 3 anos, Aylan Kurdi, era encontrado morto em uma praia da
Turquia.
Enquanto alguns
líderes europeus, entre eles o energúmeno Viktor Orban, se preocupavam com a miscigenação
da Europa pelos imigrantes, o anjinho Aylan calçava seus sapatos com esperança
no futuro, sapatos que o acompanharam na morte.
Enquanto os
líderes europeus discutiam o problema sem querer resolvê-los e apenas apontar
culpas, o anjinho Aylan observava em espírito seu rosto enterrado na areia.
Esta imagem
me afetou. Levou-me as lágrimas por horas, e não foi por associar o nome Aylan
ao de Ayla, a filha que Deus não me permitiu ter e descrevi neste link.
Chorei
porque senti como minha a perda da vida enquanto esperança.
Chorei porque
me coloquei no lugar do pai de Aylan, que quis melhorar a vida de seus filhos e
vai, pelo resto de sua vida, ter a imagem de seu filho morto impregnado na sua
memória diária.
Chorei
porque vi o futuro na imagem do anjo morto na praia, cara enterrada na areia e um par de
sapatos absolutamente desnecessários porque ele agora não mais anda, mas flutua
entre os anjos.
Chorei
porque um anjinho me expôs e ao mundo, a perda da
humanidade.
E a Alemanha, país de triste história há
menos de um século, é o único país que tenta manter a sua humanidade.
Parabéns Angela Merkel, você é certamente a
mais digna, talvez a única dígna entre os representantes da classe política. Você dá de 7x0 em
TODOS os outros mandatários. E dá de zero, porque seus “iguais”, em tudo
diferentes da senhora, não conseguem marcar um único gol em benefício da
humanidade.
A senhora, Angela Merkel, merece o apelido
conferido pelos sírios de “Mamma Merkel”, porque no momento, a senhora é não
apenas a mãe símbolo, mas como o resto de esperança da sobrevivência do
conceito humanístico para os que habitam a Terra, mas infelizmente não para mim, porque perdi completamente a esperança na humanidade.
Como não esperar a indiferença dos políticos quando os povos que governam também se mostram indiferentes e, até mesmo, contra a hipótese de receber refugiados - pessoas em desespero de causa - nos seus países? Sou portuguesa, e se há algo que me tem repugnado é esta onda de rejeição que certa parte da população do meu país tem manifestado nas redes sociais, no que toca à possível vinda de refugiados sírios para cá. É fácil mostrar-se indignado na Internet com a morte de um menino de três anos, mas quando lhes é apresentada a possibilidade de ajudar quem está no fim iminente, a sua natureza cruel, egoísta e impiedosa prevalece sobre a capacidade de perceber que estão ali seres humanos, como eles, e não seres de segunda. Pior ainda é ver alguns portugueses que tiveram de deixar para traz todas as suas vidas nas colónias africanas, aquando da guerra colonial dos anos 70, mostrarem-se firmemente contra o acolhimento deste aflitos. Muitos sobreviveram graças à caridade de terceiros que os acolheu em campos de refugiados na África do Sul e noutros países africanos, até serem reintegrados em Portugal. Pelo visto, aquilo por que passaram não os fez mais sensíveis ao sofrimento. Não posso falar de toda a realidade Europeia, apenas daquilo que vou lendo, e ouvindo, aqui e ali, compreendendo, cada vez mais, com esta forma de pensar, por que motivo episódios como genocídios puderam ter acontecido em passados não tão distantes.
ResponderExcluirPelo desculpa, queria dizer "trás" e não "traz".
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