Dizem que a imprensa que cobre a formula-1
não difere muito da brasileira, que os ingleses, espanhóis, alemães e italianos
são como os brasileiros, valorizam a prata da casa e os colocam como gênios (em
poucos casos, adjetivos merecidos) e os seus oponentes como pilotos limitados.
Em relação a mídia brasileira está triste
ver as transmissões de corridas de F-1 seja na Globo ou no SporTv. A narração
da corrida se extenua no seguimento do “gênio” Felipe Massa e no carro que
lidera. Os outros são citados apenas quando podem assumir a liderança ou estão
relacionados ao desempenho do Massa. O resto da corrida é ignorado. Lamentável.
Não sou Pacheco e meu interesse na F-1
atual está na competição entre as Ferraris e entre as Mercedes. Observem que
não escrevi entre as Ferraris e as Mercedes porque parece que não há
competição. A Mercedes já levou. Os duelos que acho interessantes são:
Raikkonen x Alonso e Hamilton x Rosberg, mas sou obrigado a ficar restringido ao
duelo Massa X Bottas. O pior? É que isto não é uma piada.
Na corrida passada, passou despercebido
pela Globo, a disputa nas primeiras curvas entre as duas Ferraris. Raikkonen
levou um chega pra lá de Alonso muito perigoso. Não dá para dizer que foi
intencional porque na hora da largada não dá para olhar para frente e para os
dois espelhos laterais ao mesmo tempo nem que fossem estrábicos. Muito
possivelmente sabendo disso, Raikkonen nada falou pelo rádio, continuou sua
corrida até que pouco depois o Magnussen fez sua barbeiragem e tirou as chances
do Raikkonen de uma boa corrida. Pouco depois em disputa de corrida Botas e
Massa se estranharam e o brasileiro falou logo pelo rádio: “Vocês viram o que
ele fez?”. Esta é a diferença entre um campeão como o Raikkonen é, e um garoto
mimado como o Massa sempre foi. A preferência da Ferrari em manter Massa no
lugar de Kimi quando Alonso chegou à equipe só pode ser explicada por uma
possível pressão do banco Santander que não queria um companheiro campeão para
o Alonso.
Para que o Brasil volte a ter transmissões que
não irritem o tempo inteiro só acontecendo o milagre de aparecerem um novo
Senna, Piquet ou Emerson. E para um país sem nenhum investimento em
automobilismo, nem mesmo nas categorias de base, cair um raio quatro vezes no
mesmo lugar é muito difícil de acontecer.
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