Não tenho a menor necessidade de fantasiar
perfeição para poder admirar alguém.
A maioria de meus ídolos, se não a
totalidade, tinham defeitos, alguns graves, outros nem tanto. Mas isto não tornava
menor a minha admiração por estes ídolos. E assim, sempre soube que Errol Flynn
era um alcoólatra, mas isso não me impediu de admirar seu estilo de vida, nada
saudável, mas intenso.
Duas mulheres marcaram minha adolescência travando
diálogos com meus hormônios apenas ao passar de um filme: Audrey Hepburn e
Grace Kelly.
Grace Kelly, a mulher perfeita, princesa de
Mônaco, viveu um verdadeiro conto de fadas. Ao menos foi isto que pensei ao
colocá-la no pedestal da idolatria. Até que anos depois comecei a ler outras
histórias. Nas primeiras leituras coloquei as aventuras amorosas da Grace Kelly
com seus parceiros de cena, casados, como uma possibilidade. Depois de tantas
outras leituras passou a ser quase uma certeza. Algumas histórias de
infidelidades da Grace que envolviam outro ídolo, Cary Grant, eram até
divertidas, apesar da incerteza da veracidade desta, já que não a li com a
mesma frequência de outras indiscrições reveladas posteriormente.
Este lado “sapeca” infiel da Grace Kelly
não a retirou do meu pedestal de adoração. E nada o fará a não ser uma grande
falha de caráter, o que acho improvável.
Enxergar defeitos nos meus ídolos e
continuar admirando-os é um reflexo da minha tolerância com meus defeitos e
defeitos alheios nos quais não estejam incrustadas a perversidade e a
discriminação.
Já fui enganado por prestidigitadores(as)
da vida, e desta forma não enxerguei defeitos, mas em caso algum, ao menos no
meu conhecimento, me permiti o uso de antolhos.
"Muito pior que não
enxergar é não querer ver".
É exactamente isso! Uma coisa é admirar a pessoa com seus defeitos e suas qualidades, outra é ficar cego perante os defeitos de seu ídolo.
ResponderExcluirGostei dos "antolhos" kkkkk.