Assim que terminaram as finais de
conferência da NFL, quando Peyton Manning calou os críticos com uma atuação
soberba, voltaram com força total as conversas sobre quem seria o melhor
quarterback de todos os tempos. Os nomes de sempre voltam à tona, o do próprio
Manning, o de seu “rival” Tom Brady e o de Joe Montana são os mais falados.
Tudo bem que exista uma necessidade absurda
de se “categorizar” características humanas incluindo o desempenho esportivo,
mas as argumentações mostram as deficiências desta categorização e ainda mais,
mostram a deficiência de argumentação daquele que deseja fazer fato o que é
apenas sua opinião. Mas que fique bem claro, mesmo que as opiniões sejam unânimes
sobre quem é o “melhor de todos os tempos”, esta categorização será sempre uma opinião, jamais um fato.
Outro dia cheguei a me irritar com um
jornalista que na mídia Globo.com “justificou” o título de melhor tenista de
todos os tempos para Federer por uma única jogada. Sem dúvida, a mais restrita
e idiota argumentação para este “título” que um “especialista” esportivo já
escreveu em uma mídia, pelo menos a mais idiota que eu já tenha lido. Em minha
opinião.
Agora vamos aos fatos de como são
hipócritas as argumentações para transformarem em fatos suas opiniões.
Frequentemente “fãs” de Tom Brady “argumentam” que
ele é o melhor de todos os tempos por ter mais títulos de Superbowl que Peyton
Manning. Muitos deles utilizam a mesma argumentação para “justificar” a escolha
de Federer como o “melhor” também. Dentro destes mesmos esportes ignoram, por
conveniência ou desconhecimento mesmo, que Joe Montana tem mais títulos de
Superbowl e Ken Rosewall tem mais títulos de Slams. Alguns destes fãs que
usaram desta argumentação para justificar sua “escolha” ignoram esta mesma
argumentação ao considerar Senna o melhor de todos e aí acrescentam um “SE”: Se
Senna não tivesse morrido na Tamburello teria mais títulos que Vettel, Prost,
Fangio e até mesmo Schumacher.
Esses fãs pioram tudo quando se esquecem de
que ao contrário do tênis que é um esporte individual, então os argumentos “caem”
melhor, o futebol americano é um esporte coletivo e a Fórmula UM é um esporte aonde o piloto
precisa de um bom carro para vencer.
Argumenta-se muito com os números para se
justificar as escolhas, mas escolhem que números devem usar. Falam dos três
títulos de Superbowl do Brady e esquecem os quatro, que certamente passarão a serem
cinco títulos de MVP (jogador mais valioso) do Peyton Manning. Argumentam a
vantagem no “confronto direto” para Brady, mas se esquecem de valorizar os
jogos decisivos de títulos de conferência, o que fizeram quando levaram em
consideração os títulos de Superbowl e esquecem o fato de que os dois jogadores
JAMAIS se encontraram em campo ou enfrentaram um ao outro porque times de
ataque não enfrentam times de ataque de seus rivais no futebol americano,
somente times de defesa.
Na Fórmula Um se usa nas “argumentações” o número
de vitórias e comparam épocas distintas. Eras de campeonatos de oito corridas,
de doze, dezesseis e agora até mais de vinte. Percentuais são usados conforme
conveniência ou o fato de terem carros “vencedores” ou não.
O pior, mas bem pior é quando os “fãs” usam
o “melhor de todos os tempos” para negar o talento daqueles para quem não
torce. Não é errado “achar” seu ídolo o melhor de todos os tempos, mas não
queira fazer disto um fato pois é apenas uma opinião. Mas é muito errado negar
o talento dos rivais de seus ídolos, como se “o fato” de não serem “o melhor” o
tornassem insignificantes para o esporte. Isto torna os seus ídolos menores.
Para ficar apenas nos esportes que citei:
Eu jamais tornaria Rosewall e Nadal menores
ignorando o talento e a grandeza de Laver, Federer, Djokovic, etc...
Eu jamais tornaria Peyton Manning menor ignorando
o talento e a grandeza de Brady, Elway, Marino, Montana, etc...
Eu jamais tornaria Fangio menor ignorando o
talento e a grandeza de Senna, Schumacher, Piquet, Lauda, etc...
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