É muito fácil “falar” depois dos acontecimentos. No entanto, neste
assunto, eu venho “falando” desde o momento em que a Deusa Elena Dementieva
resolveu aposentar-se do tênis. Escolheu um péssimo momento. O momento em que poderia ter deixado de ser a
melhor tenista a não ter vencido um torneio de Grand Slam. Hoje ela seria,
tenho certeza, não apenas campeã olímpica defendendo seu título, mas campeã de alguns (isto mesmo, no plural) torneios de Grand Slam.
No ano de 2010 após passar toda uma carreira com um saque
deficiente, melhorou o seu serviço para no final do ano aposentar-se em um WTA
Championship. Entre as melhores. Mesmo com problemas de lesões. E estas poderiam
ser tratadas a tempo dos torneios de Grand Slam do meio do ano de 2011.
Vejamos, a campeã de Roland Garros em 2011 foi a Na Li, no
H2H com Dementieva, a Elena vence por 3x1. A campeã de Wimbledon foi a Petra
Kvitova, que só jogou uma vez contra a Elena e perdeu. A Campeã do US Open foi
a Sam Stosur, no H2H a Elena tinha 5x2 a seu favor. E a campeã do AUS Open de 2012 foi a Azarenka que perdia
para a Elena no H2H por 3x1.
Não estou dizendo que por causa do H2H a Elena seria a
campeã. Assim a Serena teria vencido tudo. Mas tendo um retrospecto favorável
contra todas as últimas vencedoras de Grand Slam e com a melhora de seu saque,
as possibilidades de ganhar mais de um destes torneios era real. Porém, por ser
passado, esta possibilidade ficará
gravada na categoria do “SE” que é o pior lugar para se estar.
Independentemente desta possibilidade de vencer alguns destes
torneios, a decisão de se aposentar juntou-se a outras decisões erradas na
carreira de tenista tomadas pela Deusa Elena.
As principais foram duas. Logo após as derrotas nas finais de
Roland Garros e do US Open de 2004 ficou claro para todo mundo que Elena
deveria trabalhar o seu serviço e a sua característica psicológica de aceitar
facilmente uma derrota em decisão.
Era notória a necessidade de um trabalho psicológico que
nunca foi feito. Ela não precisaria mudar seu jeito de ser, que conquistou uma
legião de fãs, até mesmo entre suas adversárias. Mas o seu comportamento em
quadra. Um pouco da agressividade da Maria Sharapova e da Ana Ivanovich dentro
da quadra só faria bem a “tenista” Elena.
Em 2008 teve o próprio exemplo nas Olimpíadas, quando entrou
com a mentalidade vencedora e levou a medalha de ouro vencendo nas quartas a
grande favorita ao título de campeã olímpica, Serena Williams.
No título olímpico mostrou que tendo vontade venceria o
mundo. Por quê não manteve esta vontade nos torneios de Grand Slam? Acho que
jamais saberemos.
Quanto ao serviço, no último ano mostrou um progresso para
logo depois aposentar-se. Ora bolas, a Dementieva não é apenas a mais graciosa,
educada, gentil, elegante, charmosa e bela mulher que surgiu nas quadras de
tênis. É certamente a mais misteriosa de todas.
Ainda há tempo de voltar, vejo adversárias a altura, mas
nenhuma superior. Mas existem pessoas que não percebem o bonde da história
passar, nem com todo o barulho que eles fazem.
Elena, minha Deusa, ouça o bonde gritando: VOLTE ÀS QUADRAS, VOLTE
ÀS QUADRAS, VOLTE ÀS QUADRAS.