sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A crise migratória e a perda da humanidade.


Uma imagem.

Não uma simples imagem, mas uma imagem que representa a perda da humanidade dos habitantes deste planeta.

Enquanto o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, afirmava que o problema da crise imigratória era causado pela Alemanha, destino final de centenas de estrangeiros que tentam ingressar no continente, dizendo: "O problema não é europeu, é alemão", o anjinho sírio de 3 anos, Aylan Kurdi, era encontrado morto em uma praia da Turquia. 

Enquanto alguns líderes europeus, entre eles o energúmeno Viktor Orban, se preocupavam com a miscigenação da Europa pelos imigrantes, o anjinho Aylan calçava seus sapatos com esperança no futuro, sapatos que o acompanharam na morte.

Enquanto os líderes europeus discutiam o problema sem querer resolvê-los e apenas apontar culpas, o anjinho Aylan observava em espírito seu rosto enterrado na areia.

Esta imagem me afetou. Levou-me as lágrimas por horas, e não foi por associar o nome Aylan ao de Ayla, a filha que Deus não me permitiu ter e descrevi neste link.

Chorei porque senti como minha a perda da vida enquanto esperança.

Chorei porque me coloquei no lugar do pai de Aylan, que quis melhorar a vida de seus filhos e vai, pelo resto de sua vida, ter a imagem de seu filho morto impregnado na sua memória diária.

Chorei porque vi o futuro na imagem do anjo morto na praia, cara enterrada na areia e um par de sapatos absolutamente desnecessários porque ele agora não mais anda, mas flutua entre os anjos.

Chorei porque um anjinho me expôs e ao mundo, a perda da humanidade.

E a Alemanha, país de triste história há menos de um século, é o único país que tenta manter a sua humanidade.

Parabéns Angela Merkel, você é certamente a mais digna, talvez a única dígna entre os representantes da classe política. Você dá de 7x0 em TODOS os outros mandatários. E dá de zero, porque seus “iguais”, em tudo diferentes da senhora, não conseguem marcar um único gol em benefício da humanidade.

A senhora, Angela Merkel, merece o apelido conferido pelos sírios de “Mamma Merkel”, porque no momento, a senhora é não apenas a mãe símbolo, mas como o resto de esperança da sobrevivência do conceito humanístico para os que habitam a Terra, mas infelizmente não para mim, porque perdi completamente a esperança na humanidade.

2 comentários:

  1. Como não esperar a indiferença dos políticos quando os povos que governam também se mostram indiferentes e, até mesmo, contra a hipótese de receber refugiados - pessoas em desespero de causa - nos seus países? Sou portuguesa, e se há algo que me tem repugnado é esta onda de rejeição que certa parte da população do meu país tem manifestado nas redes sociais, no que toca à possível vinda de refugiados sírios para cá. É fácil mostrar-se indignado na Internet com a morte de um menino de três anos, mas quando lhes é apresentada a possibilidade de ajudar quem está no fim iminente, a sua natureza cruel, egoísta e impiedosa prevalece sobre a capacidade de perceber que estão ali seres humanos, como eles, e não seres de segunda. Pior ainda é ver alguns portugueses que tiveram de deixar para traz todas as suas vidas nas colónias africanas, aquando da guerra colonial dos anos 70, mostrarem-se firmemente contra o acolhimento deste aflitos. Muitos sobreviveram graças à caridade de terceiros que os acolheu em campos de refugiados na África do Sul e noutros países africanos, até serem reintegrados em Portugal. Pelo visto, aquilo por que passaram não os fez mais sensíveis ao sofrimento. Não posso falar de toda a realidade Europeia, apenas daquilo que vou lendo, e ouvindo, aqui e ali, compreendendo, cada vez mais, com esta forma de pensar, por que motivo episódios como genocídios puderam ter acontecido em passados não tão distantes.

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    1. Pelo desculpa, queria dizer "trás" e não "traz".

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