Recentemente
tive que lidar na minha vida com uma pessoa muito querida que escolheu se viciar
em drogas leves, ainda assim, drogas, e que a levaram a gestos desesperados.
Não
sabia o que dizer a esta pessoa e me lembrei de dois monólogos, ambos titulados
“CHOOSE LIFE” recitados por Ewan McGregor nos filmes Trainspotting 1 e 2. No primeiro,
feito como uma espécie de apologia a drogas, no segundo, feito como
reconhecimento ao que o caminho das drogas o levou. Escolhi o segundo, “editei”
um pouquinho o começo e o final.
Eis o
monólogo:
Minha
querida, escolha a vida, as outras escolhas são vãs e nada te acrescentam, OU:
“Escolha
lingerie de grife na vã esperança de trazer de volta alguma vida a um
relacionamento morto.
Escolha
bolsas.
Escolha
sapatos de salto alto.
Cashmere
e seda para fazer você se sentir o que dizem ser felicidade.
Escolha
um iPhone feito na China por uma mulher que saltou de uma janela, e cole no bolso
do seu casaco novo feito em um barril de pólvora qualquer no Sul da Ásia.
Escolha
o Facebook, Twitter, Snapchat, Instagram e mil outras maneiras para vomitar sua
bile
Na direção
de pessoas que nunca conheceste.
Escolha
dar um update em seu perfil.
Diga
ao mundo o que comeu no café da manhã e espere que alguém, em algum lugar se
importe.
Escolha
ficar olhando velhas paixões, desesperada para acreditar que você não parece
tão mal quanto eles parecem.
Escolha
live-blogging (live de Instagram) desde sua primeira punheta até seu último
suspiro.
Interação
humana reduzida a nada mais do que dados.
Escolha
dez coisas que você nunca soube sobre celebridades que fizeram cirurgia
plástica.
Escolha
gritar sobre o aborto.
Escolha
piadas de estupro, envergonhando prostitutas, revenge porn, e uma interminável onda
de deprimente misoginia.
Escolha
que 9/11 nunca aconteceu, e se aconteceu, foram os judeus.
Escolha
um contrato de zero-hora com uma viagem de duas horas para o trabalho, e
escolha o mesmo para seus filhos, só que pior.
E
talvez dizer-se que seria melhor que eles nunca tivessem acontecido.
E, em
seguida, sente e sufoque a dor com uma desconhecida dose de uma droga
desconhecida
feita
na fodida cozinha de um traficante qualquer.
Escolha
a promessa não cumprida desejando que você tivesse feito tudo diferente.
Escolha
nunca aprender com seus próprios erros.
Escolha
ver a história se repetir.
Escolha
a lenta reconciliação entre aquilo o que você pode ter em vez do que você
sempre desejou.
Contente-se
com menos e mantenha uma face corajosa diante disso.
Escolha
o desapontamento.
E
escolha perder aqueles que amava, e enquanto eles somem de suas vistas um
pedaço de você morre com eles.
Até
você poder enxergar, que um dia no futuro, pedaço por pedaço, todos se foram.
E não restará
nada de você para chamar de vivo ou morto.”
Querida
amiga, você tem opções. Escolha as melhores.
Você
quer ser uma viciada? Então seja uma viciada, mas uma viciada em algo melhor.
Escolha
aqueles que você ama.
Escolha
o seu futuro, querida amiga.
Escolha
A VIDA
Seja viciada em VIVER.